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Foto: Divulgação
Adriano da Nóbrega19 de junho de 2020 | 08:29

Queiroz e advogado dos Bolsonaros atuaram para contatar miliciano foragido, afirma Promotoria

BRASIL
O advogado Luis Botto Maia, ligado ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), se comunicou com o miliciano Adriano da Nóbrega em dezembro do ano passado, quando o ex-policial militar já estava foragido, de acordo com informações do Ministério Público do Rio de Janeiro.
O encontro, segundo os investigadores, foi precedido de uma reunião com Fabrício Queiroz e o advogado Frederick Wassef, que defende Flávio e o presidente Jair Bolsonaro. Além de Botto Maia, também participou do contato Márcia Aguiar, mulher de Queiroz —ex-assessor do senador e amigo do miliciano.
De acordo com a Promotoria, os dois se encontraram em 3 de dezembro do ano passado com Raimunda Veras Magalhães e Julia Lotufo, mãe e a mulher de Adriano, respectivamente, em Astolfo Dutra (MG), cidade da zona da mata mineira.
A existência do encontro e o teor foi identificado por meio de mensagens no celular de Márcia, cujo conteúdo foi apreendido em dezembro do ano passado, durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão.
De acordo com as mensagens, Queiroz orientou a mulher a se encontrar Botto Maia a fim de receber instruções. No dia 30 de novembro, Raimunda pede para que Márcia a encontre pessoalmente no dia seguinte na cidade mineira, a 273 km do Rio de Janeiro.
A prova apresentada pela Promotoria para apontar como razão do encontro uma comunicação indireta com Adriano é uma mensagem em que Márcia relata a Queiroz que também estaria presente a mulher do miliciano.
“A esposa do amigo vai estar com a mãe dele terça-feira [dia 3/12/19]. Aí ela vai falar com o amigo sobre o recado. Depois que ela falar com o amigo, ela vai entrar em contato comigo”, escreveu Márcia. O amigo, para os investigadores, é o miliciano até então foragido Adriano da Nóbrega.
Os textos apontam que, um dia antes da reunião, Botto Maia se encontrou com o advogado Frederick Wassef em Atibaia, onde Queiroz esteve ao longo do último ano.
“Anjo já foi?”, perguntou Márcia a Queiroz no dia 2 de dezembro, usando o apelido atribuído a Wassef. “Gustavo já foi embora?”, questionou ela em seguida.
De acordo com as mensagens, Márcia ficou na casa de Raimunda por três dias até a chegada de Botto Maia. Na noite da reunião, 3 de dezembro, Queiroz recebeu da mulher uma foto do três. Julia não aparece na imagem.
Botto Maia atuou na campanha de Flávio Bolsonaro ao Senado em 2018 e foi responsável pela prestação de contas do PSL no Rio de Janeiro quando o filho do presidente esteve à frente da sigla no estado. No ano passado, recebeu uma procuração de Flávio para ser seu representante legal junto ao MP-RJ no acompanhamento da investigação do caso da “rachadinha”.
Atualmente, o advogado ocupa cargo comissionado na Assembleia Legislativa do Rio como assessor parlamentar do deputado Renato Zaca, ex-PSL e atualmente sem partido. Até o final de março deste ano, ele foi chefe de gabinete do deputado estadual Dr. Serginho, bolsonarista líder do PSL na Casa.
O advogado é irmão do bombeiro tenente-coronel Lauro Botto, preso, quando então capitão, durante manifestação dos bombeiros em 2011 por melhores salários e condições de trabalho. Ainda deputado estadual pelo PP, Flávio defendeu Lauro em plenária na Assembleia e auxiliou para que fosse solto.
As mensagens indicam ainda que Raimunda e Márcia se encontraram no dia 17 de novembro, supostamente com a resposta de Adriano para Queiroz. O MP-RJ chega a afirmar em sua peça que o miliciano iria organizar um plano de fuga para toda a família do ex-assessor de Flávio. Não há no pedido de prisão, contudo, indicação da origem desta informação.
Queiroz e Adriano trabalharam juntos no 18º Batalhão da PM. Foi por meio do PM aposentado que familiares do ex-PM foram contratadas como assessoras no gabinete de Flávio: sua ex-mulher, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, de 2007 até novembro de 2018, e Raimunda, de abril de 2016 a novembro de 2018.
Após mais de um ano foragido, o ex-PM foi morto numa operação policial em fevereiro passado, comandada pela Secretaria de Segurança da Bahia. A polícia investiga as circunstâncias da morte. A família afirma que ele temia ser alvo de uma “queima de arquivo”.
As investigações apontam que Queiroz foi abastecido por repasses de contas bancárias controladas por Adriano. A estimativa do MP-RJ é que o ex-assessor de Flávio tenha recebido do miliciano mais de R$ 400 mil ao longo dos 11 anos sob investigação (2007 a 2018).

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