Cunha apresenta laudos que comprovam aneurisma
Ex-presidente da Câmara havia se recusado nesta quarta-feira a passar por tomografia marcada pelo sistema penitenciário do Paraná
“Atesto que o Sr. Eduardo Consentino da Cunha é portador de Aneurisma Intracraniano, localizado na artéria cerebral média esquerda, diagnosticado em julho de 2015, por angioressonância e angiotomografia. Na ocasião recomendei ao paciente tratamento cirúrgico”, diz o atestado assinado nesta quarta-feira pelo médico Paulo Niemeyer Filho, diretor do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer.
De acordo com um relatório elaborado pelo médico João Gonçalves Pantoja, o problema foi descoberto “incidentalmente” durante um exame e Eduardo Cunha, até então, não apresentava sintomas. “Optou-se pela continuada observação e avaliação periódica, tendo sido sugerido reavaliação a cada 6 meses desde o último exame realizado”, relata Pantoja.
Para comprovar o aneurisma, além dos documentos assinados pelos médicos, os advogados de Cunha juntaram ao processo imagens de ressonâncias magnéticas feitas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em junho de 2015, e em uma clínica na Barra da Tijuca, no Rio de janeiro, em agosto daquele ano.
De acordo com Luiz Alberto Cartaxo de Moura, diretor do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen-PR), a recusa em se submeter aos exames caracteriza infração disciplinar leve e isso será anotado na ficha de Cunha na prisão, onde ele está desde outubro do ano passado.
Cartaxo revelou, ainda, que não foi a primeira vez que Cunha se negou a comprovar que tem o problema. “Ressalto ainda que essa enfermidade foi revelada no dia 21 de dezembro ao corpo médico do Complexo Médico Penal, que solicitou à família e aos advogados que fossem encaminhados os exames e os documentos comprobatórios de tal situação, o que até hoje não aconteceu”, disse. “Então, por duas vezes, já se tentou comprovar a presença desse aneurisma e por duas vezes isso não foi possível”, disse.
Depoimento a Moro
Além de revelar o aneurisma, o ex-presidente da Câmara negou a Moro ter recebido propina de um contrato de compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo no Benin, na África. Ele é réu por, segundo o Ministério Público Federal, ter recebido 1,5 milhão de dólares em contas na Suíça.Eduardo Cunha também contradisse o presidente Michel Temer em relação à nomeação de um diretor da Petrobras. Em dezembro, em resposta por escrito às perguntas formuladas por Cunha na ação penal em que ele é réu por supostamente ter recebido propina em um contrato da petrolífera, Temer negou, na condição de testemunha, ter havido uma reunião no Palácio do Planalto em 2007 cujo assunto teria sido a ocupação de cargos na Petrobras.
“Não houve essa reunião. Mas chegaram-me informações de que as nomeações ocorreriam”, respondeu o presidente. De acordo com Cunha, no entanto, o encontro se deu para “acalmar” o PMDB na Câmara depois de o PT descumprir um acordo para nomeações na Petrobras e na BR Distribuidora. “A resposta do presidente Michel Temer está equivocada. Ele participou, sim, da reunião e foi ele quem comunicou a nós o que tinha acontecido”, disse o ex-deputado federal.
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