Médico de destaque, gestor reconhecido, Sérgio Côrtes viu sua vida desmoronar em 11 de abril de 2017. Nesse dia, carros da Polícia Federal o conduziram para o presídio de Bangu 8. Foi recebido aos gritos de “Tu vai (sic) morrer”, com 46 presos balançando as grades das celas. Era só um trote. No início da temporada na cadeia, sentia-se injustiçado e sofria com a comida. Aos poucos, foi assimilando que se deixou levar pela cobiça por viagens, vinhos e restaurantes caros. “Dos sete pecados capitais, a vaidade é o que o leva a cometer as piores coisas”, diz. Em entrevista a VEJA, o ex-secretário de Saúde do Rio admite que se corrompeu, recebeu dinheiro na Suíça e direcionava licitações. Agora, mostra arrependimento e afirma ter vergonha de que os filhos carreguem o seu nome. Nesta conversa, cujos principais trechos podem ser vistos no vídeo abaixo, ele diz que chegou a pensar em suicídio e conta o episódio da “farra dos guardanapos”, que ajudou a abalar a reputação do seu ex-chefe e hoje desafeto, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Leia a íntegra da entrevista clicando aqui.
O senhor responde por desvios na Saúde do Rio enquanto era secretário no governo Sérgio Cabral. O senhor é corrupto? De forma objetiva, sim, fui corrupto. A vaidade me corrompeu. Pelos casos que estão aparecendo, não me considero um corrupto igual aos outros. Mas o fato é que não há meia gravidez nem meio corrupto. Existia um sistema, ou um mecanismo como o pessoal agora vem chamando, que me seduziu. Mentalmente, eu me justificava dizendo que não deixava que os contratos fossem superfaturados. A verdade é que as licitações eram viciadas e eu sabia quem ia ganhar. Deixava acontecer. Também recebi dinheiro do Miguel Iskin (empresário que foi preso na mesma operação de Côrtes). Ele depositou 2,5 milhões de dólares para mim na Suíça. Era dinheiro para minha possível candidatura e foi acertado em reunião entre mim, Sérgio Cabral e ele.
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