Augusto Aras18 de janeiro de 2021 | 10:27
Aras manda Pazuello abrir inquérito epidemiológico e sanitário sobre colapso no Amazonas
O procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminha na manhã desta segunda, 18, ao ministro Eduardo Pazuello (Saúde) um ofício requisitando a abertura de inquérito epidemiológico e sanitário para apurar causas e responsabilidades pelo colapso no sistema de saúde de Manaus em razão da explosão de casos de Covid-19 no Amazonas. Segundo a PGR, o procedimento tem como base a legislação federal sobre vigilância epidemiológica, que disciplina o Programa Nacional de Imunização.
Aras quer que sejam apontadas ‘as causas do colapso que geraram estado de apreensão local e nacional quanto à falta de insumos básicos de saúde’. O Amazonas viu o número de novas internações dobrar nas últimas semanas e sua capital, Manaus, enfrenta falta de oxigênio para atender a todos os pacientes.
O objetivo da apuração é ‘permitir a definição de diretrizes capazes de impedir a repetição do quadro registrado no Amazonas em qualquer outro ente da Federação’, diz o chefe do Ministério Público Federal.
O documento contém ainda um pedido realização de auditoria junto às secretarias de Saúde de Manaus e do Estado do Amazonas, ‘tendo como foco avaliar a existência de recursos financeiros suficientes, aplicação eficiente, planejamento e regularidade na aquisição de insumos para o enfrentamento da pandemia’.
Ainda segundo a PGR, o procedimento administrativo pode ser acompanhado por representantes do Ministério Público Federal a serem designados por Aras, mas não se confunde com medidas já solicitadas ao Judiciário.
Neste sábado, 16, Aras determinou investigação de eventual omissão dos governos estadual e municipal no âmbito do Superior Tribunal de Justiça. Segundo o Estadão apurou, um inquérito já em curso na Corte, sob relatoria do ministro Francisco Falcão, deve ter seu escopo aumentado.
Além disso, Aras pediu informações a Pazuello. Em ofício enviado neste domingo, 17, o PGR informou ao ministro da Saúde sobre a existência de uma representação do Cidadania pela abertura de investigação sobre o cumprimento, ou não, de medidas que são de competência da pasta ante a falta de cilindros de oxigênio em Manaus.
Nessa linha, deu 15 dias para que o ministro preste informações ‘sobre o cumprimento, ou não, de medidas que são de competência do Ministério da Saúde, ante a notícia de que teria sido previamente avisado, na condição de titular da pasta, sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que fornece o produto e até mesmo por uma cunhada […] mas não agiu’.
Em documento enviado pela Advocacia-Geral da União ao Supremo Tribunal Federal na noite deste domingo, o governo Jair Bolsonaro disse que ficou sabendo da ‘crítica situação do esvaziamento de estoque de oxigênio em Manaus’ no dia 8 de janeiro, seis dias antes do insumo se esgotar em vários hospitais da capital amazonense, levando pacientes à morte por asfixia.
Segundo a AGU, a comunicação sobre o baixo estoque de oxigênio em Manaus motivou uma alteração na visita secretariado do Ministério da Saúde a capital amazonense, que contou com a participação do chefe da pasta, Eduardo Pazuello.
Como mostrou o Estadão, o ministro mostrou na segunda-feira, 11, que sabia da crise por oxigênio, citando um caso próximo, mas minimizando o colapso. No mesmo discurso, defendeu o ‘tratamento precoce’, que já foi apontado pela ciência como sem eficácia.
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