Pular para o conteúdo principal

Bento XVI nega ter acobertado casos de pedofilia

Em rara declaração pública, papa emérito manifestou “profunda consternação" pelos casos de abuso na Igreja

Papa Bento XVI chega para última audiência geral em frente aos fiéis, no Vaticano
O papa emérito Bento XVI, em fotografia tirada em fevereiro (AFP)
O papa emérito Bento XVI disse em uma carta dirigida a um matemático que “nunca tentou acobertar” casos de abusos sexuais dentro da Igreja. Bento também manifestou "profunda consternação" pelos casos.
Esta é a primeira vez desde a renúncia de Bento XVI, em fevereiro, que uma declaração direta do papa emérito é divulgada publicamente. Desde a sua saída do comando da Igreja, apenas alguns comentários de Bento relatados indiretamente por visitantes haviam sido divulgados.
A carta foi obtida pelo jornal italiano La Repubblica, que publicou trechos nesta terça-feira. O destinatário da correspondência é o matemático ateu Piergorgio Odifreddi, autor do livro Caro papa, ti scrivo ("Querido papa, te escrevo"). Bento XVI escreveu a carta como forma de resposta ao livro, que discute os problemas da Igreja Católica, entre eles a pedofilia.
Leia também:
Igreja vai pagar US$ 10 mi a vítimas de pedofilia nos EUA
Igreja Católica admite 4.000 casos de pedofilia

"O fato de o poder do mal penetrar até este ponto no mundo interior da fé é para nós um sofrimento que, por um lado, não podemos suportar, e por outro, nos obriga a fazer todo o possível para que incidentes deste tipo não voltem a se repetir", disse o papa emérito de 86 anos, que atualmente vive em um monastério na cidade do Vaticano.
"Só posso tomar nota com uma profunda consternação" dos abusos cometidos por sacerdotes, escreve o papa, que acrescenta: "Nunca tentei acobertar estas coisas".
Durante o seu pontificado, de 2005 a 2013, Bento oficialmente decretou tolerância zero frente às revelações de vários casos de pedofilia dentro da Igreja, e pediu proteção para as vítimas. Mas, apesar das medidas, ele foi sistematicamente acusado por associações de vítimas de não fazer o bastante e até mesmo de acobertar casos.
"Se não é lícito se calar ante o mal dentro da Igreja, também não é se calar sobre o grande rastro luminoso da bondade e da pureza que a fé cristã deixou atrás de si ao longo dos séculos", disse o papa emérito na carta.
(Com agência France-Presse)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Corretor que vendeu imóveis a Flávio Bolsonaro admite fraude em outra transação Modalidade de fraude é semelhante a que o Ministério Público do Rio suspeita ter sido praticada pelo senador Foto :  Agência Senado O corretor responsável por vender dois imóveis ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) foi alvo de comunicação do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) sob a suspeita de ter emitido fatura abaixo do preço cobrado em uma transação imobiliária.  A modalidade de fraude é semelhante a que o Ministério Público do Rio suspeita ter sido praticada pelo senador nas operações com o mesmo corretor. De acordo com a Folha, no caso identificado pelo Coaf, o corretor tentou fazer uma operação de câmbio no Citibank em julho de 2015 no valor de R$ 775 mil. Ele admitiu a fraude ao relatar ao banco que o dinheiro tinha como origem a venda de um imóvel cuja escritura indicava, na verdade, o preço R$ 350 mil.  A instituição financeira se recusou a fazer a operação