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Obama: ‘míssil foi lançado de área controlada por separatistas’

Presidente americano não apontou diretamente culpados pela derrubada do avião da Malaysia Airlines, mas apontou para a responsabilidade da Rússia na crise instalada na Ucrânia

O presidente Barack Obama afirmou nesta sexta-feira que o avião da Malaysia Airlines que caiu ontem no leste da Ucrânia foi derrubado por um “míssil terra-ar lançado de uma área controlada por separatistas apoiados pela Rússia dentro da Ucrânia”. Um dia depois da tragédia, o presidente americano confirmou a circunstância do desastre, mas adotou tom morno em seu pronunciamento. De forma cautelosa, não culpou diretamente o governo Vladimir Putin pela tragédia, mas apontou para a responsabilidade russa na crise instalada no território ucraniano.
“Repetidamente a Rússia se recusou a dar passos concretos para acalmar a situação. Queremos que a Rússia siga por um caminho que resulte em paz na Ucrânia, mas até agora ela se recusou a seguir por esse caminho”, afirmou. “A Rússia continuou a apoiar separatistas violentos. E também se recusou a respeitar um cessar-fogo. Agora é o momento apropriado para que todos nós recuemos e avaliemos o que aconteceu. A Rússia, os separatistas, a Ucrânia, todos têm a capacidade para colocar um fim no conflito”, acrescentou, fazendo uma cobrança também ao seu aliado, para depois lembrar que os Estados Unidos "vão continuar a apoiar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”.
O democrata evitou o tempo todo assumir um discurso mais assertivo, alternando a cobrança a Moscou com frases como "eu não quero me antecipar aos fatos" ou "ainda não sabemos exatamente o que aconteceu". Questionado se a tragédia mudaria sua estratégia sobre a crise ucraniana, Obama recuou: “Eu acho que é muito cedo para dizer quais são as intenções de quem poderia ter lançado o míssil terra-ar. As investigações serão feitas e vamos ter mais informações nas próximas 72 horas, na próxima semana, no próximo mês”.
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Ainda sobre o apoio russo aos separatistas, disse que os rebeldes “estão fortemente armados e bem treinados”. “E isso não é um acidente, isso é porque eles têm apoio”, completou. “Não é possível para esses separatistas agirem como eles têm agido. Não é possível para um grupo de separatistas reivindicar a derrubada de um caça ucraniano [sem apoio]. Há apenas alguns tipos de mísseis antiaéreos que podem atingir 10.000 metros”.
Em março, a Rússia anexou a Crimeia, península no sul da Ucrânia, violando a lei internacional, ao abocanhar parte do território de um país soberano. A ação ocorreu enquanto Obama e a chanceler alemã Angela Merkel ainda tentavam esboçar uma reação mais contundente. Putin ignorou sanções pontuais e passou a apoiar separatistas também no leste ucraniano, onde o conflito se aprofundou.
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Em reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU, nesta sexta, a embaixadora americana Samantha Power também disse que o avião da Malásia foi “provavelmente abatido por um míssil terra-ar, [possivelmente] um SA-11, operado a partir de uma localização separatista no leste da Ucrânia”. Ela ainda deu detalhes técnicos sobre a arma que foi possivelmente usada para derrubar a aeronave, dizendo que dos sistemas operacionais Sam, apenas o SA-11, o SA-20 e o SA-22 são capazes de atingir um equipamento na altitude em que o Boeing 777 estava. “Podemos descartar mísseis de alcance menor, incluindo o SA-8 e o SA-13”.
“Devido à complexidade técnica do SA-11, é pouco provável que os separatistas pudessem operá-lo [sem ajuda]. Não podemos descartar um auxílio técnico dos russos”, afirmou a embaixadora, pedindo uma investigação e fazendo um apelo por ações das autoridades russas que ajudem a diminuir a tensão na região. “A Rússia pode acabar com essa guerra. A Rússia precisa acabar com essa guerra”.
O embaixador russo na ONU falou depois de Samantha Power. Vitaly Churkin seguiu a linha adotada por Putin em declarações divulgadas ontem, ao responsabilizar o governo ucraniano por criar um cenário para a tragédia, ao não aceitar negociar com os rebeldes. “A culpa é toda de Kiev”, disse, evitando responder a perguntas de outros diplomatas presentes à reunião

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