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Israel rebate críticas e fala em ‘irrelevância’ diplomática do Brasil

Em nota, Itamaraty havia condenado ‘uso desproporcional da força por Israel em Gaza’ e anunciado a convocação do embaixador brasileiro em Tel Aviv

A chancelaria de Israel rebateu nesta quinta-feira a nota emitida pelo Itamaraty condenando os bombardeios sobre Gaza. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Yigal Palmor, usou palavras duras ao classificar a nota como “uma infeliz demonstração de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático”. “O relativismo moral por trás deste movimento torna o Brasil um parceiro diplomático irrelevante, que cria problemas em vez de contribuir para soluções”, acrescentou, em declarações reproduzidas pelo jornal The Jerusalem Post.
Um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel afirma que o país “expressa seu desapontamento com a decisão do governo do Brasil de chamar seu embaixador para consultas”. “Esta decisão não reflete o nível de relações entre os países e ignora o direito de Israel de se defender. Ações deste tipo não contribuem para promover a calma e a estabilidade na região. Ao contrário, impulsionam o terrorismo e naturalmente afetam a capacidade do Brasil de exercer influência”, diz o texto divulgado no site da chancelaria. “Israel espera apoio de seus aliados na luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países ao redor do mundo”.
O ministro das Relações Exteriores Luiz Alberto Figueiredo respondeu dizendo que “se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles, seguramente”. “Países têm o direto de discordar. E nós estamos usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceitável a morte de mulheres e crianças, mas não contestamos o direito de Israel de se defender. Jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas”, acrescentou, segundo a Agência Brasil.
O texto divulgado pelo governo brasileiro nesta quarta considerava “inaceitável” a escalada de violência entre Israel e Palestina e condenava “energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza”. Sem citar os foguetes disparados pelo grupo fundamentalista palestino Hamas contra o território israelense, a nota pedia de forma genérica um “cessar-fogo entre as partes”. A declaração informava ainda sobre a convocação do embaixador brasileiro em Tel Aviv “para consultas”, o que, na linguagem diplomática, é uma forma de protesto. A nota subia o tom em relação ao texto divulgado na semana anterior, que condenava tanto os bombardeios israelenses como “o lançamento de foguetes e morteiros de Gaza contra Israel”.
Reinaldo Azevedo: Mensagem desnecessariamente hostil
O Brasil foi um dos 29 países que votaram a favor de uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU para abertura de uma investigação sobre a operação israelense em Gaza. Houve ainda dezessete abstenções e um voto contra, dos Estados Unidos. Israel considerou a resolução “precipitada” e disse que foi aprovada por uma “corte canguru”, termo que designa um tribunal ou assembleia injusta, tendenciosa.
Sobre a resolução da ONU, o chanceler brasileiro salientou que “a América Latina inteira” foi a favor da investigação. “Nós estamos junto da nossa região e apoiamos, neste caso, uma investigação internacional independente para determinar o que aconteceu, o que está acontecendo”.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também rechaçou a decisão da comissão da ONU, dizendo que ela deveria ser rejeitada. “Em vez de investigar o Hamas, que está cometendo um duplo crime de guerra ao disparar foguetes contra civis israelenses ao mesmo tempo em que se esconde atrás de civis palestinos, o conselho pede uma investigação de Israel, que tem se esforçado como nunca antes para manter os civis palestinos fora do caminho dos ataques, inclusive com telefonemas, envio de mensagens de texto e distribuição de folhetos”.
O porta-voz fala em nome do ministro Avigdor Lieberman, líder do partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu (Israel É o Nosso Lar). Deputado desde 1999 e ministro em pelo menos quatro ocasiões desde 2002,  o linha-dura Lieberman assumiu pela primeira vez a chancelaria de 2009 ao final de 2012 e retornou ao cargo em novembro de 2013, depois de se livrar de acusações de quebra de confiança e fraude.

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