Pular para o conteúdo principal

Socorro a banco agrava crise na Espanha

Juros da dívida espanhola atingiram quase 6,5% e ações do Bankia desabaram. O primeiro-ministro, Mariano Rajoy, disse que não haverá resgate europeu ao sistema bancário do país

MADRI / LONDRES- Os juros cobrados pelos investidores para comprar títulos da dívida espanhola saltaram e as ações do Bankia S.A., quarta maior instituição financeira da Espanha, desabaram nesta segunda-feira, em reação a um plano para revitalizar o banco.
Fontes governamentais disseram à Reuters que a Espanha pode recapitalizar o Bankia com papéis soberanos em troca de ações, e poderia usar esse método para sustentar outros credores com problemas - medidas que elevariam as dívidas do país acima dos 79,8% da produção econômica esperada para este ano. "Esse método foi usado por Alemanha e Irlanda no passado e é perfeitamente válido", disse uma fonte do governo à Reuters.
A fonte explicou que o Banco Central Europeu (BCE) não havia sido especificamente informado sobre os planos de injetar títulos estatais no Bankia.
O primeiro-ministro, Mariano Rajoy, disse que ainda não há decisão tomada. "Não haverá nenhum resgate (europeu) ao sistema bancário espanhol", completou Rajoy, antes de apoiar os pedidos para que o fundo de resgate da zona do euro, que será ativado a partir de julho, possa emprestar diretamente aos bancos.
Ele afirmou que o custo de empréstimos da Espanha cresceu por causa de temores sobre o futuro da zona do euro. Mas descartou novamente buscar ajuda externa para revitalizar o sistema financeiro. "Existem importantes dúvidas sobre a zona do euro, e isso torna os prêmios de risco para alguns países muito altos. É por isso que seria uma ideia muito boa dar uma mensagem clara de que não haverá retrocesso na zona do euro", disse Rajoy.
A controladora do Bankia, BFA, pediu 19 bilhões (US$ 23,8 bilhões) em ajuda do governo, além de 4,5 bilhões que o Estado já colocou para cobrir possíveis perdas em empréstimos e investimentos. Investidores acreditam cada vez mais que bancos fragilizados, prejudicados pelo colapso de um boom imobiliário, aliados com regiões endividadas, podem forçar a Espanha a buscar um resgate internacional que a zona do euro pode não suportar.
O prêmio que os investidores exigem para deter títulos do governo espanhol mostra falta de confiança nos esforços de Madri para estabilizar suas finanças e bancos. Depois de caírem para cerca de 4,7% neste ano, os custos de empréstimo de dez anos estão agora se aproximando de 6,5% e perto do nível de 7%, considerado insustentável.
Temores. Os dividendos dos títulos da Holanda e Finlândia caíram ontem para mínimas recordes, ao mesmo tempo em que os papéis alemães se aproximaram do menor nível recorde, em meio aos temores crescentes relacionados à saúde do sistema bancário da Espanha. A insegurança vinda de Madri incentivou a busca dos investidores pela segurança dos bônus de economias que não estão na linha de contágio da crise de dívida soberana da zona do euro.
Enquanto isso, os bônus soberanos da Espanha operam sob intensa pressão dos mercados, que empurraram os dividendos espanhóis em relação aos títulos alemães e os custos de proteção contra calote do país a máximas recordes após o governo de Mariano Rajoy anunciar uma injeção de 19 bilhões no Bankia. O anúncio da nacionalização do Bankia, feito na sexta-feira, levantou temores que o governo possa ser levado a injetar recursos em outras instituições.
A repercussão do resgate do Bankia pelo governo espanhol tornou-se negativa ao longo da sessão de ontem, que abriu em tom positivo diante das pesquisas eleitorais divulgadas no fim de semana na Grécia apontarem uma vantagem consensual do candidato conservador Antonio Samaras, do Nova Democracia, nas eleições de 17 de junho.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Corretor que vendeu imóveis a Flávio Bolsonaro admite fraude em outra transação Modalidade de fraude é semelhante a que o Ministério Público do Rio suspeita ter sido praticada pelo senador Foto :  Agência Senado O corretor responsável por vender dois imóveis ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) foi alvo de comunicação do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) sob a suspeita de ter emitido fatura abaixo do preço cobrado em uma transação imobiliária.  A modalidade de fraude é semelhante a que o Ministério Público do Rio suspeita ter sido praticada pelo senador nas operações com o mesmo corretor. De acordo com a Folha, no caso identificado pelo Coaf, o corretor tentou fazer uma operação de câmbio no Citibank em julho de 2015 no valor de R$ 775 mil. Ele admitiu a fraude ao relatar ao banco que o dinheiro tinha como origem a venda de um imóvel cuja escritura indicava, na verdade, o preço R$ 350 mil.  A instituição financeira se recusou a fazer a operação