Pular para o conteúdo principal
Plínio Fraga (à esquerda), editor-chefe de ÉPOCA, com os convidados Simon Montefiore e Helio Gurovitz Foto: Foto: Marcelo Saraiva Chaves

TRUMP E PUTIN SÃO OS CZARES MODERNOS?

Tema foi debatido na tarde desta quinta-feira na Casa Época & Vogue, na Flip

Plínio Fraga (à esquerda), editor-chefe de ÉPOCA, com os convidados Simon Montefiore e Helio Gurovitz - Foto: Marcelo Saraiva Chaves
POR 

Monfiore chegou quase 15 minutos atrasado ao debate. Explicou que um "banquete orgástico" atrapalhou sua pontualidade britânica e compensou o atraso com frases certeiras. "Donald Trump aspira ser o primeiro autocrata, o primeiro czar, americano", afirmou o historiador, que se apresentou ao público como um estudioso do poder. Montefiore explicou que Trump é a realização de um antigo sonho russo, que remonta aos tempos da Guerra Fria: um presidente boquirroto, que arruma confusão até mesmo com sua equipe de seguranças. Os dois presidentes, disse Montefiore, desprezam as democracias liberais e têm talento para atuar nos palcos da política. "Trump é um showman. Ele é capaz de discursar por horas sem anotações!"O que Vladimir Putin, Donald Trump e os tiranos da dinastia russa Románov têm em comum? A terceira mesa desta quinta-feira (26) na Casa de Não Ficção Época & Vogue, "Trump e Putin: os novos czares", se propôs a responder essa pergunta. O editor-chefe de ÉPOCA Plìnio Fraga e o colunista Helio Gurovitz conversaram com o historiador britânico Simon Sebag Montefiore, autor de biografias de tiranos russo-soviéticos, como Catarina, a Grande e Joseph Stálin, sobre a relação fascinante e perturbadora entre os presidentes russo e americano. Montefiore, um dos astros da programação ofical da 16ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), também é autor de Os Románov: 1613-1918 (Companhia das Letras), no qual esmiúça a trajetória da dinastia que conduziu o Império Russo com punhos de aço por três séculos.
"Putin é 50% Románov e 50% Stálin", disse Montefiore - Foto: Marcelo Saraiva Chaves
Montefiore arriscou outra hipótese para a amizade dos dois presidentes: uma "boyish crush". "Como se fala 'crush' no Brasil?", perguntou. Os risinhos da plateia indicaram que não era necessário traduzir. Montefiore, porém, duvida que vai dar match. O russo, acredita ele, é mais durão que o americano. "Trump veio do meio imobiliário de Nova York. Se ele não conseguir uma permissão para contruir, ele consegue outra depois. No Kremlin, é diferente. Quem não consegue se dar bem lá, morre. Putin sabe que precisa se defender."
Gurovitz explicou para Montefiore uma de suas teorias. Tudo o que o mundo vive hoje, disse ele, já aconteceu na Rússia de Putin: livre mercado de fachada, eleições fraudadas, fake news, ataques à imprensa. Montefiore concordou e lembrou que Putin conhece muito bem a história de seu país e, como bom herdeiro dos Románov, quer que a Rússia volte a ser um império. "Putin é 50% Románov e 50% Stálin", disse. Segundo Montefiore, metade da biblioteca de Stálin está no escritório de Putin, que gosta de pedir que os visitantes escolham um livro qualquer só para lerem as anotações à lápis deixadas ali pelo tirano soviético. "Para Putin, Stálin foi o líder russo mais bem-sucedido".
Quando perguntado se ele acredita na releição de Trump, Montefiore respondeu com firmeza: "Sim, eu tenho quase 100% de certeza de que Trump será reeleito. Vocês não acham?". "Noooo!", gritou uma turista americana que assistia ao debate do lado de fora da casa. Ela disse que Trump está perdendo sua base de apoio, que o líderes do Partido Republicano no Congresso estão se afastando dele. "Mas nenhum democrata tem o carisma dele", disse Montefiore, ressaltando que Trump ainda conta com uma ampla base no eleitorado de seu país. Outra americana na plateia concordou com a tese do historiador, mas disse esperar que Trump não consiga se reeleger. Perguntado por um rapaz na plateia como a imprensa brasileira deveria lidar com um "Trump estranho e tropical chamado Bolsonaro", Montefiore respondeu: "A imprensa não pode ficar intimidada. Não pode se deixar manipular"

.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Corretor que vendeu imóveis a Flávio Bolsonaro admite fraude em outra transação Modalidade de fraude é semelhante a que o Ministério Público do Rio suspeita ter sido praticada pelo senador Foto :  Agência Senado O corretor responsável por vender dois imóveis ao senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) foi alvo de comunicação do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) sob a suspeita de ter emitido fatura abaixo do preço cobrado em uma transação imobiliária.  A modalidade de fraude é semelhante a que o Ministério Público do Rio suspeita ter sido praticada pelo senador nas operações com o mesmo corretor. De acordo com a Folha, no caso identificado pelo Coaf, o corretor tentou fazer uma operação de câmbio no Citibank em julho de 2015 no valor de R$ 775 mil. Ele admitiu a fraude ao relatar ao banco que o dinheiro tinha como origem a venda de um imóvel cuja escritura indicava, na verdade, o preço R$ 350 mil.  A instituição financeira se recusou a fazer a operação