Pular para o conteúdo principal

'É preciso restabelecer a decência no Brasil', diz FHC

Em almoço com empresários, ex-presidente afirmou que não é só Marina que pode dramatizar discurso na TV. 'O Aécio também pode', disse

 
Evento promovido pelo Lide recebe Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, e Armínio Fraga, sócio e fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central, nesta segunda-feira, na zona sul da capital paulista - 22/09/2014
Evento promovido pelo Lide recebe Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, e Armínio Fraga, sócio e fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central, nesta segunda-feira, na zona sul da capital paulista - 22/09/2014
(Atualizado às 17h15)

Em almoço com empresários promovido pelo Grupo Lide nesta segunda-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) cobrou responsabilidade do governo federal em relação aos escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente manifestou indignação com as denúncias envolvendo diretores e partidos políticos — e a indiferença do governo federal em relação ao material revelado pela imprensa. "Ou (o governo) é conivente ou é incompetente", disse o ex-presidente. "(O governo) Tem de ser cobrado, pela razão de que é preciso restabelecer a decência do Brasil. Acredito na decência da presidente Dilma Rousseff, mas isso não a exime de sua responsabilidade", disse.
Questionado sobre possível apoio do PSDB a Marina no segundo turno, caso o tucano Aécio Neves não avance na disputa, FHC desconversou: "Uma coisa aprendi na política. Cada passo na sua hora. E o passo agora é Aécio", afirmou. Depois de recuar ao longo do mês de agosto, o candidato tucano vem recuperando pontos nas pesquisas de intenção de voto. No último levantamento do Datafolha, Aécio tinha 17% das intenções, diminuindo a distância em relação à segunda colocada, Marina Silva, que se manteve com 30 pontos.

FHC também aproveitou a oportunidade para alfinetar Dilma Rousseff. Ele lembrou as críticas que a candidata à reeleição fez de que o governo FHC quebrou duas vezes por causa de ter pedido empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). "Dilma não sabe economia, por isso que não foi doutora pela Unicamp", disparou.
O ex-presidente voltou a criticar o conhecimento de Dilma na área econômica. Questionado sobre a fala da presidente de que o Brasil não cresce tanto por conta do cenário de desaceleração da atividade econômica dos Estados Unidos, dada em entrevista à TV Globo na manhã desta segunda, ele afirmou: "Os EUA já estão se recuperando. Há cinco anos os EUA vão para frente e o Brasil vai para trás. Não sei como Dilma é economista", rebatou.
Segundo FHC, o Brasil está, aos poucos "perdendo o rumo", ou seja sua "visão estratégica", e que o país já não sabe mais onde está. "No âmbito da política externa, perdemos a noção de que pertencemos a um lado, do Ocidente. Hoje, o país não sabe onde está", afirmou.  "Escolhemos o 'sul', mas não tem razão para escolher ficar de um lado só. Esquecemos o Ocidente e fomos nos isolando", afirmou, exemplificando sua fala com a falta de acordos comerciais do Brasil.
Ainda de acordo com FHC, hoje há um "mal marketing" por parte do governo, que pinta um cenário perfeito. "O governo cria uma ilusão de que está tudo maravilhoso", concluiu.
Leia também:
Aécio ao site de VEJA: 'PSDB não está na prateleira para Marina'

Para tentar recuperar espaço na corrida, o PSDB tem lançado mão do discurso de indignação, sobretudo em relação aos acontecimentos envolvendo a Petrobras e outros escândalos de corrupção no governo. Sobre isso, o ex-presidente disse que é preciso dramatizar alguns fatos para que a população entenda o que está acontecendo no âmbito do poder. "O que acontece na Petrobras é passível de dramatização. Ela exemplifica o que acontece em muitos outros lugares (da política). A gente, que está informado da vida pública, sabe disso. Então é preciso mais indignação", disse.
Para o ex-presidente, ou o Brasil passa a limpo casos como o da estatal, ou os mesmos erros se repetirão no futuro. "Pessoalmente não gosto de atacar 'A', 'B' ou 'C', mas é o Brasil que está em jogo. Houve um assalto aos cofres públicos", disse. Segundo ele, os recursos desviados da estatal estão sendo usados, no mínimo, para fins político-partidários, e, na pior das hipóteses para fins pessoais. Ele lembra que Dilma foi presidente do conselho da Petrobras e ministra de Minas e Energia e disse que ela também deve se mostrar indignada com o caso. "Tem que apurar, se não passa para história uma dúvida", finalizou.
Em coletiva após o evento, FHC foi questionado sobre a importância da "dramatização" no discurso, como forma de captar a atenção do eleitor. "Não sou marqueteiro, eu não sei. A dramatização é um modo de comunicação, que é importante", afirmou, usando como exemplo a resposta de Marina ao PT sobre um possível fim do Bolsa Família. Em propaganda veiculada desde a semana passada na TV, a candidata falou sobre ter passado fome quando criança. "Por que o Aécio não pode também? Pode!", disse.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p